Tipos de Roteiros

Produção dos Tipos de Roteiros na Escrita

Muitas vezes se viu no servidor da Novel Brasil a grande questão da passagem de classe E para a D, que deveria ser feito um “miniroteiro” da obra. Mas que diabos é isso?

Bem, galera, estou trazendo esse artigão para que todos, tutores, tutorandos e novatos da escrita, entendam as diferenças da escrita de enredo.

Já deixo avisado que esse artigo é focado na informatização e didática a escritores de webnovels, então é aquilo: vai ser simplificado, omitido coisas desnecessárias, e resumido.

Por mais que eu traga muita coisa, o aprofundamento de todo conteúdo não é o foco aqui. Logo, se você ficar interessado, vai atrás de mais, queridão.

Curiosamente, o “tão-dito” roteiro é o único que um escritor não deve fazer — é, você vai entender ainda —, mas ignore por agora e vamos seguir as linhas de ações roteirísticas; da básica para a mais condensada.

Para ajudar aqueles que têm interesse em se aprofundar nos conteúdos abordados, estarei deixando a versão inglesa do termo que estará sendo dito entre travessões ao lado — assim! —, uma vez que nossa língua costuma colocar tudo no mesmo saco de farinha.

RASCUNHO vs. ESBOÇO

Então, uma vez avisado isso, vamos bater de frente com o postergado Rascunhodraft document — e onde ele se encaixa nesse mundão dos roteiros e até do famigerado Esboçooutline.

Não estranhem o uso de letra maiúscula nos termos — capitalização. É um uso da informação para a fácil assimilação e reconhecimento da palavra e sua significação — é para você já bater o olho e não perder no texto —, mas se for usar normalmente, é com letra minúscula!

Antes de tudo, o Esboço é algo tão grande quanto o Roteiro, no quesito de juntar um monte coisa dentro — compilação de microações/informações — dentro do que chamamos de conjunto.

Só de ler a sua definição, já é fácil de entender: é um documento que inclui informações de planejamento importantes sobre a estrutura, o enredo, os personagens, as cenas de seu romance e muito mais.

Muitos diriam que é muito parecido com o Roteiro nesse caso, porém não é. Já vi autores chamarem de “esqueleto da obra”, só que, como estamos colocando os verdadeiros ossos de uma história — o Roteiro —, o Esboço é na verdade o espírito da história.

Um verdadeiro Roteiro segue padrões, estruturas e mídias em que é produzido e, principalmente, para o propósito final do que foi pensado.

Enquanto isso, o Esboço pode ser qualquer coisa que dê o contornoveja só, o outline surgindo de novo — da história, ajudando o autor em seu caminho definido e escrito, por exemplo:

  • Pode ser um documento de uma ou mais páginas, compilando as suas ideias em um grande amontoado de informações que decidiu que será usado ou que já foi usado;
  • Um mapa visual que utiliza de imagens, referências e até diagramas que usa linhas para a ligação das informações e ideias que foram determinadas;

Como pôde perceber, os verbos definir, decidir e determinar foram escolhidos para que você fosse levado a entender que o Esboço é algo que vem após ideias e informações serem selecionadas e aceitas para serem implementadas na história — algo que pode acontecer durante, antes ou depois do roteiro.

E quando eu digo que pode acontecer após terminar, significa que os autores usam o contorno da história como um guia supercondensado dos pontos mais importantes que precisa lembrar, sem a necessidade de olhar o universalmente gigantesco e mastodôntico roteirão. Já que pode ser simplesmente:

  • Um documento com algumas páginas da estruturação de cada cena — scene — já concretizada no seu enredo, para a fácil revisão de informação mental.

Claro, há quem diga que o Esboço possui regras, assim como tudo na vida, já que precisa de organização e blá-blá-blás.

Se quiser aprender os diferentes tipos de Esboços e suas regrinhas, vá atrás, mas já aviso que: Já que é um documento que só será visto por você, não há necessidade de bater a cabeça para seguir moldes e modelos. Faça da forma que fica mais agradável para a sua sintetização de elementos e compreensão.

Uma vez entendendo que Esboço fica, muitas vezes, à parte do próprio Roteiro e é uma execução própria, com suas características únicas, o Rascunho já é um pouco diferente.

Ele, por ser muito parecido com o próprio Esboço, é um passo muito importante para o Roteiro, então, digamos que ele é um elemento fundamental em ambos.

Rascunhos são a história, mas que normalmente possuem diferentes versões. Na escrita, o Rascunho é a primeira coisa que você deveria escrever, e conforme mais ideias surgem... maior, mais arquivos e mais bagunçado começa a ficar.

Como eu já disse antes, muitas pessoas costumam colocar regras, padrões e por aí vai em tudo o que fala da escrita. Para a simplificação sobre o que é um, vou abordar de cara o Rascunho Inicial/Bruto — first draft ou rough draft.

Em primeiro lugar, o Rascunho Inicial é a raiz da sua história. Ela é a própria definição do que se trata sua obra, podendo ser apenas um emaranhado de ideias fundamentais que compõe sua primeira visão do que vai se passar dentro da trama.

É algo tão liberto e fora das palavras que muitos autores optam por desenhar, jogar citações nas margens das páginas e apenas escrever o que compõe como principal da sua ideia. Claro, se você fizer um roteiro e for fazer um rascunho do capítulo 1, esse será o Rascunho Inicial, nada condizente com o que eu falei agora sobre o Rascunho Bruto da trama.

Para entender melhor, preparei alguns exemplos rápidos de Rascunhos. Lembre-se que são exemplos rápidos, então você não precisa fazer nos mesmos moldes.

Rascunho Informativo

Para esse tipo, basta focar em um dos elementos da história — personagens, cenários... — e escrever o que é importante sobre isso. Deve-se compilar as informações que aparecerão uma hora na obra — não precisa ser nem no começo da história e nem do jeito que escreveu.

O Antagonista

Uma criatura ancestral que planeja salvar o mundo, utilizando métodos deturpados. Controla uma praga que se espalha entre os humanos.

Rascunho Citação

É o que busca trazer o teor e pensamento que determinam o tom da narrativa, pensamento dos personagens e o que se trata o tema da obra. São frases que podem surgir na obra como uma versão adaptada, ou mesmo para serem subentendidas pelo leitor através do que é mostrado.

A Arte da Guerra – Sun Tzu

“O general deve criar situações favoráveis e tirar proveito de qualquer vantagem.”

“Ataque o adversário quando ele está em desordem. Estimule sua arrogância simulando fraqueza.”

Crepúsculo dos Ídolos – Friedrich Nietzsche

“Raras vezes se incorre numa só precipitação. Na primeira vai-se sempre longe de mais. Precisamente por isso se costuma incorrer logo numa segunda - e desta vez fica-se demasiado perto...”

Rascunho Direcionado

Normalmente tende a resumir um determinado capítulo, cena, conflito e por aí vai, da história. É o que muitos autores jardineiros utilizam para ter uma base mais firme em sua construção de cenas. É para ser uma direção — um norte — na escrita ou um ponto fixo da história.

O Conflito

Um programador famoso convoca seu amigo de infância, um detetive renomado, para investigar o assassinato de seu pai.

Não demoram em descobrir que a inteligência artificial que automatizava a casa da vítima é a culpada do crime.

No fim, o detetive é traído pelo programador, sendo revelado que todo o seu esforço em identificar um culpado e desligar a IA era apenas uma demonstração do seu novo sistema de vírus computacional, que será vendido ao governo que pagar mais.

Como dito antes, é tudo Rascunho Bruto/Inicial, logo são curtos e rápidos. No entanto, uma vez que for tendo mais ideias, maior fica esse documento e pode surgir até outros rascunhos diferentes.

Um bom Rascunho, quando finalizado em seu polimento, é o que chamamos como organizador. Ele lista desde as ideias primordiais que vociferam os valores dos personagens, a forma da narrativa, a mensagem das cenas e objetivo da finalização da obra.

Como deu para ver, o Rascunho faz parte tanto do Roteiro quanto do Esboço, dando um extra de informações fora do contexto “regrinha chata para se seguir”.

É engraçado que, na escrita brasileira, o Rascunho é conhecido como Manuscrito — manuscript — claro, o antigo pelo menos.

O novo Manuscrito, chamado de Manuscrito Editorial, é para editoração, por isso, por mais que procure sobre o conteúdo em português, só verá informações de regras e padrões a se seguir para encantar uma editora com apenas um Manuscrito — que nem deveria mais ter esse “manus” no nome, hein.

Eu não vou falar sobre Manuscritos porque seria uma informação desnecessária para nós, escritores de webnovel, por mais que o Rascunho tenha sido jogado dentro disso e postergado pela escrita brasileira por causa dessa encheção de regras das editoras.

Porém vou pegar emprestado do artigo do Projeto Escrita Criativa dois exemplos dos Manuscritos Pessoais, esses que são das antigas e que definem exatamente o Rascunho — sim, podemos chamar tanto de Rascunho ou de Manuscrito Pessoal para definir essa organização de elementos.

Honoré de Balzac, 1799-1850

“Esta página é pertence ao texto Eugénie Grandet, um dos primeiros grandes romances de Balzac. Como é possível observar, Balzac riscava em preto as partes que considerava dispensáveis de um texto datilografado e anotava nas bordas as principais mudanças e pontos de atenção.”

Mark Twain, 1835-1910

Para finalizar essa luta ferrenha, vou fazer uma definição rápida da minha visão sobre o que abordei aqui.

Esboço é o que eu chamaria de Enredo Supercondensado.

Já o Rascunho, ou Manuscrito Pessoal, eu daria o nome de Layout da História.

Sim, eu consegui resumir todo esse textão com essas duas frases. De nada.

Argumento e Escaleta

Agora que fugimos da complicação da escrita brasileira e a inglesa, vamos finalmente chegar em coisas conhecidas na nossa linguagem e que devíamos fazer para facilitar a produção da nossa obra.

Vamos começar com o Argumento, que possui muitas características parecidas com a sinopse editorial. Aliás, se você não sabe o que é uma sinopse editorial, segue esse link e confere antes de continuar a ler aqui.

A diferença de uma sinopse editorial para um Argumento é a densidade informativa de dados que serão abordados no documento.

No caso da sinopse editorial, não confundir com a de cópia/convencional, você tem a necessidade de dar contexto do mundo, dos personagens, das características que serão colocadas dependendo do momento, além de ter o objetivo de prender o agente de editora com detalhes importantes ou mínimos: explicar cada personagem, o motivo de se interessar em certas partes, dificuldades e por aí vai.

Querendo ou não, a sinopse editorial acaba entrando muito dentro de detalhes menores, mas costuma passar de 4-5 páginas para descrever as cenas e arcos narrativos.

Agora, sobre o Argumento, seu único e fiel foco é a descrição de cenas e o entrelaçamento dos arcos, do início ao final da obra.

Diferente de uma sinopse, tanto a editorial quanto as convencionais, o Argumento não tem um tamanho definido, podendo ter muitas páginas. Sua principal função é a orientação das ações tomadas dentro da obra.

É o Argumento que acaba por facilitar toda a vida dos escritores, já que ele decupa e é capaz de reduzir um roteiro de algumas dezenas de páginas para menos de uma dezena.

Para um escritor esse é o melhor tipo de roteiro que pode encontrar, já que seu foco é cobrir cada cena em uma linha ou parágrafo.

A ideia é apenas sintetizar — lembre-se dessa palavra — cada ação como um ponto e interligar entre cada passagem que for escrever. Claro, para quem nunca fez um, deve ser complicado imaginar, mas com um exemplo prático, aposto que vai entender rapidinho e querer fazer.

Argumento

Vou estar utilizando a história “O Horror de Portsworth” de exemplo para o Argumento.

Exemplo 1

Um grupo de aventureiros genérico é convocado para salvar um vilarejo em apuros. Chegando ao local, a equipe decide se dividir para encontrar pistas. Enquanto uma parte dos protagonistas é confrontada por aldeões sanguinários, a outra descobre que uma energia maligna se concentra no interior de um moinho.

Quando os camponeses insanos são derrotados, o grupo se reúne novamente para adentrar a construção misteriosa. Deparam-se com uma caverna no interior do moinho, que os leva a um mundo onde as cores, os sentimentos e o próprio tempo funcionam de formas inconcebíveis. Os protagonistas enlouquecem, morrendo um a um. No fim, apenas o mago Keiniz consegue escapar do túnel, apenas para descobrir que está servindo de casca para que a entidade do moinho possa explorar o mundo.

Exemplo 2

Arco 1: O Mundo Comum

Elizel e Lidja discutem sobre o futuro do rapaz como herdeiro do título da família e sobre o rapaz com a cicatriz ainda não estar pronto para ir ao Craveiro. Morfeus e Angela entram em cena, o mordomo com o rosto assustado. Na próxima cena, Morfeus volta para falar com Elizel com a noticia que o rapaz havia ateado fogo em seu próprio quarto.

Diego vai até o encontro dos três valentões do beco, rapazes quatro anos mais velhos que o protagonista e já envolvidos com roubo, para trocar o isqueiro roubado por ingressos do cinema. Então o rapaz é enganado pelos três. Furioso entra em uma briga e quebra o braço de um rapaz, a perna de outro e quase arranca a orelha do último. Pegando o dinheiro dos rapazes, ele vai até ao cinema e assiste Gladiador, onde vê sobre o uso da força e a importância de se ter amigos de guerra. Elizel chega no cinema e o carrega até em casa de volta, alegando uma conversa seria, apresentando o que Diego acha ser um pote de veneno. Nota: feito especificamente para mostrar ação na história.

Escaleta

Você consegue ver que o Argumento busca resumir o foco dos capítulos em uma linha e interliga como se o próprio Argumento fosse uma história rápida, apenas por evidenciar as partes cruciais da história. Neste caso, como se cada frase fosse um capítulo da obra.

Dessa forma, finalizamos o queridíssimo Argumento e podemos finalmente falar do Santo Graal dos roteiros para escritores: a Escaleta.

Como esse é um ponto muito importante, recomendo que, após ler o artigo, vão atrás de aprender mais sobre a Escaleta. Como é um conteúdo de acesso fácil, vocês vão encontrar bastante coisa sobre isso.

Enfim, vou explicar o motivo de ser tão importante para um escritor na atualidade. Observe que eu usei o tempo todo escritor nesse artigo e nunca um “escritor de roteiro / roteirista”, porque é MUITO DIFERENTE.

Ou seja, a Escaleta é o último passo para escrever o enredo de uma ficção literária.

Dizem que o autor utiliza o Argumento para contar o que acontece na sua história, do início ao fim. Se este for o caso, então a Escaleta nos mostra como os acontecimentos ocorrem. Aposto que agora entendem melhor o que isso quer dizer, né?

Para se construir uma Escaleta, deve-se analisar cada capítulo de sua obra, criando um esqueleto do enredo, que servirá para impedir que o autor se perca na magnitude de sua história.

Para exemplificar como se monta uma Escaleta, vou estar usando três exemplos de tipos de sintetização de enredo para que você opte por um dos próprios entendimentos que precisa ter quando ler a sua Escaleta.

Exemplo 1

Capítulo 11: Bandidos na Estrada

  • Local: no meio da floresta, próximo a linha férrea
  • Contexto: após sobreviverem ao ataque no quilombo, o grupo precisa seguir até a capital
  • Ponto de vista: o grupo principal está unido, então os pensamentos e ações terão ênfase no protagonista — Lucas Guerra.
  • Personagens envolvidos: Lucas, Arthur, Sophia, Aren, Anahí e um grupo de bandidos, liderados por um cafetão chamado Flávio Curtus.
  • Ações dos personagens: Arthur revelará mais alguns detalhes sobre a magia, ao acender uma fogueira e dizer algumas coisas para outro integrante do grupo. / Sophia irá conter os bandidos, praticamente sozinha, com seu poder que envolve fios de energia.
  • Outros elementos importantes: Esse capítulo irá começar a transição de mentalidade de Lucas, dando as primeiras informações que contradizem suas crenças.

1. Deve listar todas as cenas (local, situação em pov).

2. Deve listar os personagens envolvidos.

3. Deve listar ações dos personagens de forma direta.

4. Deve listar outros elementos importantes da história.

Exemplo vindo da obra Guerra, o Legado no Sangue.

Exemplo 2

Capítulo 1 – Um Acidente

Kurono é um adolescente tarado e egoísta. Quando está no metrô, percebe que seu colega.

Katou saltou nos trilhos para salvar um morador de rua. Diante dos pedidos de socorro do amigo de infância, ele decide dar uma de herói.

Os dois são atropelados por um trem, enquanto o indigente é salvo pelos civis do metrô.

Quando tudo parecia perdido, eles despertam em um apartamento comum, junto de outras pessoas que morreram recentemente.

Capítulo 2 – Uma Sala Inexplicável

Dentro do apartamento, os recém-mortos são apresentados a uma esfera negra conhecida como Gantz. Essa tecnologia misteriosa lhes avisa que suas vidas terminaram e agora devem cumprir uma missão para recuperar suas liberdades. São obrigados a matar o temido alien Cebolinha.

Exemplo 3

  • Explicação de onde vem os poderes e apresentação do protagonista (Leonardo) indo realizar o teste; — Capítulo 1
  • Conhecer a segunda principal (Charlotte) e se deparar com um resultado ruim do teste; — Capítulo 2
  • Ativação do poder; — Capítulo 3

Como pôde ver, as Escaletas têm níveis de complexidade e sintetização, mas nenhuma “formatação” que deva ser seguida, afinal é algo que só você verá mesmo. E, sim, eu mostrei a Escaleta de Venante e ela é tão sintetizada quanto os meus parágrafos da própria obra, para me lembrar como devo escrever.

Quando eu digo níveis de sintetização, significa a quantidade de informações para que nós, escritores, para lembrarmos das informações que serão abordadas dentro daquele capítulo.

Então, vendo o que melhor considera, opte por seguir e transformar para que fique ainda mais acessível e compreensível por você. A ideia é a facilitação!

Antes de tocar no tópico do Roteiro, queria avisar que deixei de fora a parte da Bíblia aqui, que é outro produto de enredo que pode ser feito. Assim, se quiserem pesquisar sobre, sintam-se à vontade.

Enfim, é hora de dizer que...

Escrever Roteiro é Desnecessário

Calma lá, calma lá! Não levantem com raiva antes de ler o finalzinho! Acabei de explicar tanto de roteiro e acha que vou descartar tudo só com esse título?

Agora que vocês estão cientes do que é útil na escrita de uma ficção, tá na hora de desmistificar o tal “escrevo roteiro” que muitos usam e não percebem a gafe que é.

Bem, é óbvio o motivo de isso acontecer... esses nem fazem ideia do que é um roteiro no fim das contas.

No Guia de Worldbuilding que eu escrevi — recomendo que leia — é dito:

Um dos maiores problemas de um arquiteto é trabalhar demais em algo e não produzir uma história soltinha. Isso porque é tanto esforço colocado no roteiro que se esquece do sentido da escrita, de dar vida aos personagens, deixá-los tomar suas decisões próprias, mas não tomar a decisão por eles, só porque definiu isso! Histórias onde o escritor arquiteto dedicou todo seu esforço em seguir seu molde são as piores: duras e anêmicas. É quase forçar seus personagens a seguirem seus passos erráticos porque não sabia como seriam antes de criá-los em suas páginas.

O motivo disso? É simples, o exagero de esforço colocado em algo desnecessário para a escrita criativa e a escrita de enredo. Sim, não de roteiro, mas de enredo!

Roteiro necessita de diálogo, diálogos para um caralho! Você precisa pensar em câmera, em cena vindo de jeito x e jeito y — não que todo roteirista pense nisso também — como isso complementa no posicionamento e pensamento da produção de UM FILME/SÉRIE! Não um livro!

Sabe o que acontece quando escrevemos os diálogos de um personagem num documento que é feito para listar enredo? É exatamente o que é dito no worldbuilding: a história fica dura e anêmica.

O motivo? É simples: Todo escritor tem o sentido da escrita. É aquela sensaçãozinha quando escrevemos algo e parece que novas ideias surgem — correções, mudanças na trama e atitudes diferentes dos personagens;

Agora, se seguir um roteiro definido e só meter cada diálogo criado e as interações dos personagens que só pensou como seria, é a mesma coisa que usar a carcaça, algo morto, para fingir que está falando.

O personagem não tem vida, porque é só quando ouvimos a escrita falar conosco que algo ganha vida e para de ser mecânico.

É por este motivo que a Escaleta é tão importante para um escritor. Porque ela descreve com os detalhes que você escolheu para representar o enredo.

Se você fizer até os diálogos para facilitar o teu trabalho, você vai estar fazendo algo desnecessário e sem propósito — uma perda de tempo, no fim das contas.

Acompanhe os motivos do Roteiro ser desnecessário para escritores de ficção literária:

  • Vai ter que reescrever os mesmos diálogos nos capítulos;
  • Se não escutar o que a escrita fala contigo, você vai só evidenciar personagens duros e sem alma
  • Se escutar, vai ter que reestruturar todo o roteiro, de novo e de novo;
  • Não tem motivo para pensar em câmeras;
  • Não existe o uso de técnica cinematográfica dentro da ficção literária;
  • Vai ser uma perda de tempo para a inicialização do seu primeiro capítulo;
  • Trabalho em dobro para aplicação da mesma coisa, isso se não contar as mudanças que acontecerão conforme escreve.

Claro, o uso de “roteiro” para definir o argumento, escaleta, manuscrito, rascunho e outros é liberado, já que muitas pessoas nem entendem o que exatamente é “enredo”. Mas não escreva um roteiro como escritor!

A ideia do artigo aqui é libertar esse vício de falar que tudo é roteiro, saber os nomes corretos de cada separação dentro do conteúdo dos roteiristas e entender o que é necessário na escrita.

Reconhecer a ignorância e buscar a informação é algo essencial nos escritores, então espero que todos tenham entendido e saiam daqui com novos insights da construção dos seus enredos.

Esse artigo foi escrito por Rose Kethen, membro ilustre da Novel Brasil. Eu, RenCmps, apenas editei e diagramei o artigo.

Escrito por: RenCmps

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